Música Sabura para ver, ouvir e sentir de olhos fechados!

Música sabura que traz de voltas boas memórias. Grandes músicos, com grandes trabalhos!





Nancy Vieira e Manuel Paulo


PÁSSARO CEGO

E se nascêssemos nus, de olhos fechados, sem saudade, sem o outro, sem o reconhecimento da fala, sem a descodificação do medo, sem os signos do amor, sem uma rosa-dos-ventos no bolso?

Andamos de ilha em ilha à procura de nós próprios. A nossa identidade não é apenas o somatório dos sentimentos e dos afectos, mas, e acima de tudo, o que conseguimos com eles fazer pelos outros e por nós. É esta a viagem do Pássaro Cego.

São canções do Manuel Paulo. O registo orgânico das suas composições fazem dele o meu parceiro deste voo desamparado. A Nancy arrisca connosco a descoberta do outro, a descoberta das vozes, a descoberta do medo, a descoberta do amor e da felicidade... A Nancy Vieira, que canta as ilhas como ela sabe, é a nossa asa da frente.

A condição humana é uma sobreposição de camadas. Desde a emergência do choro primordial até à eloquência do que arriscamos criar. É assim a pintura de João Ribeiro. Exactamente por camadas até à revelação do quadro.

São canções, claro que são canções! Canções para ouvir e ver pela mão de Manuel Paulo, Nancy Vieira e João Ribeiro. Quem sabe a cegueira residual, que a todos contamina, não será apenas a revelação do que ainda temos para caminhar. Deixem o Pássaro Cego tentar...

Nascemos Humanos. E agora?

j. monge

(autor das letras)

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