É oficial: ele já sabe ler (letras, palavras, frases) !!!!

Entre chuvas e vendavais havia senhoras com chapéus a destaparem as cabeças da água, caracóis alisados, saias nos cotovelos, bocas nos cabelos e uma tendência natural para a queda, de tudo. Hoje fizeram figas e rezas para que eu caísse dentro do temporal, mas, infelizmente, já há muito tempo que não caio numa poça de água. O vento leva-me a paciência e a chuva, o sorriso. Quem me conhece sabe que sou incapaz de olhar para um temporal e ficar feliz... "sim, as plantas precisam", "ai já fazia cá falta", "isto é bom para limpar os astros", "ai as minhas varandas andavam tão necessitadas de uma água". Quem me conhece nunca me viu a fazer poesia com a chuva, nem a imaginar que as gotas de água falem umas com as outras, nem tão pouco a pensar que estas fizeram uma viagem agradável a infinitos quilómetros por hora. Mas... quem me conhece, hoje, ia ficar tão feliz/espantado/petrificado/embasbacado ao ver-me no meio de um temporal! Tão feliz! 

Passo a explicar: vento é sinónimo de mudança, correcto? Há três dias que Portugal é assolado com ventos tempestuosos, correcto? Ora, certo é que os ventos trouxeram a mudança! Sinais cósmicos ergueram-se à minha frente, sem eu ter hipótese de os ignorar. Sinais escritos no vento, sinais de escrita, sinais Na Escrita! Um momento de mudança em Mãe Sabura e, em seu Guerreiro de Voz Branca, aconteceu. O da mãe fica um pouco mais ao vapor, mas o do filho é anunciado com tanto, tanto, tanto orgulho, vaidade, lágrimas de alegria nos olhos... 

É oficial: o meu filho sabe ler letras, palavras, frases! Sim, porque as outras leituras já as fazia (do mundo, das emoções, das cores, etc.). Faltava-lhe esta! E já sabe, sabe, sabe!!!

Juntar-lhes os sons e lê-las, com lógica, facilidade, sentido!!! Ui !!! Ele sabe! Ele fez o "click". A minha máquina de sentimentos bateu a ritmo alucinante, acreditem. E sobretudo porque, sendo uma das minhas áreas de estudo, eu sei que aquilo é muito difícil e implica tanta coisa na vida (de cada ser) para acontecer de forma correcta e prazerosa. Ninguém se lembra dos mecanismos que utilizámos para começar a ler e a escrever (as letras), tal como ninguém se lembra do primeiro fôlego de ar... defesas muito bem construídas no nosso cérebro, lá está! A verdade é que, tal como em todas as plantações, o terreno - da leitura e da escrita - também tem de ser amado, semeado, cuidado, regado e fortalecido. Depois de todo este trabalho, e entrega, é aguardar que apareçam as primeiras sementas germinadas! E foi o que aconteceu hoje. Elas apareceram! Com pés de veludo aproximei-me, espreitei e ouvi-as. Que emoção tão, mas tão grande. Emoção, que me faz acreditar ainda mais em todas as minhas convicções que tenho acerca deste assunto. Histórias, palavras, respeito, prazer, música, livros, leituras a par, a colo, do mundo... por aí fora! Foi um momento registado em foto e em audio, claro!!! No Sabura deixo a foto das frases que eu construí e que o Guerreiro leu passo-a-passo e sem entrave, pensando nos sons e olhando o grafismo de cada uma das letras (a última é non-sense porque vínhamos no carro a falar do "oi, tudo bem?" e do "ói, tudo bem?" daí o Boi ter ido à escola!). Temos sorte com a professora? Sim! Mais que isso, confio no seu amor (acima de tudo) e por essa razão fico ainda mais feliz. 





Comentários

  1. Parabéns Guerreiro!!! Muito Feliz!!!!! Rejane e Manú

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  2. Querida Rita, só para dizer que chorei ao ler as tuas palavras.

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