Casa Andresen homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen

No Porto - Jardim Botânico - Casa Andresen
Homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen
Comissário: Luis Mendonça (o nosso Gémeo Luís)



Por PÚBLICO
No átrio interior da Casa Andresen há cabras no ar, leões de garras afiadas e felinos a caçar veados. O que não há é luz.

A iluminação ténue que permite ver a exposição depende exclusivamente das pequenas lanternas – oferecidas à entrada – que os visitantes colocam na cabeça. Isto, porque os cerca de 120 animais embalsamados, de 42 espécies diferentes, “não podem estar expostos à luz solar”, explica o comissário, Luís Mendonça. Além disso, o uso do foco permite ao visitante “ser actor” da própria exposição-instalação, e potencia a sensação de aventura e descoberta.
A exposição pretende ser também uma homenagem à escritora Sophia de Mello Breyner, que aqui morou vários anos e que, num dos seus contos, sonha com uma baleia que invade o átrio da Casa Andresen. “Quisemos que, de alguma maneira, se concretizasse o seu sonho”, afirma Luís Mendonça.
Expostos em posições que desafiam as leis da física, os animais parecem estar suspensos no ar. O segredo está no processo de montagem e na técnica de taxidermia utilizada pelo escultor espanhol, Antonio Pérez Rodríguez, que compra os corpos em jardins zoológicos. O molde é composto em fibra, deixando o interior oco. Posteriormente, a peça é furada para que seja possível encaixar um pino extensível de ligação a outro animal.
“Tentámos criar pequenas narrativas entre as peças”, explicou o comissário. Na área central do pátio, os animais foram colocados de forma circular, tentando criar uma situação dinâmica, com sugestão de movimento. Nas salas circundantes criaram-se momentos de observação, de predação ou de sedução entre os animais, através da disposição dos mesmos. A colecção, que no total conta com 700 peças, já esteve exposta noutros espaços, mas nunca foi montada desta forma. “Até há alusões ao Rei Leão”, gracejou o comissário, apontando para um leão e um javali.
A sonorização da exposição Animais no Museu ficou a cargo de Manuel Cruz (vocalista dos Ornatos Violeta) que, juntamente com Nuno Mendes, compôs uma hora de áudio ambiente. Entre “samplers”, guitarras distorcidas ou excertos de música sinfónica, os sons característicos dos animais foram manipulados para que não se tornassem evidentes. O objectivo é fazer com que “quem entra aqui nunca ouça exactamente a mesma coisa”, explicou Manuel Cruz.
No segundo piso da Casa Andresen, o ambiente já é mais científico do que lúdico. Aqui os visitantes vão poder tirar dúvidas, informar-se acerca das espécies expostas e estudar a evolução do processo de conservação de animais. Durante os seis meses de exposição, vão decorrer neste espaço várias performances e “showcases” de artistas bem conhecidos, como Rui Reininho.

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