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A mostrar mensagens de 2019

Um abraço é um colo

Pedir um abraço e recebê-lo por inteiro é um bom colo. Ontem pedi um abraço e recebi-o... por metade, com uns leves toques de dedos nas minhas costas, a imitar o que os adultos fazem.  Já não o via há três anos. Ontem quando nos juntámos parecíamos dois colegas de trabalho a falar.  "Ya Professora, aqui está tudo bem, e então desde que o J. saiu melhor ainda! Lembra-se do que ele fazia nas aulas? Até a professora O. mordia as mãos para não morder nele...E o seu filho? Nunca mais o vi nos treinos? Eu já deixei aqui está fatela, só gritam" A conversa foi-se prolongando comigo a perguntar por este e aquele da turma, pelos irmãos que passaram por mim. Entretanto perguntei-lhe com quem estavam agora e apontaram para uma estudante minha, atual.  "Ouve S., conta-me tudo do que a Professora C. anda a fazer convosco", disse eu em jeito de brincadeira "Porquê? É professora dela? Olhe, nem imagina... fazes-me os cabelos todos brancos, Professora! Todos!"

impressão de poema

ANTÓNIO RAMOS ROSA Uma voz na pedra Não sei se respondo ou se pergunto. Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra. Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho. De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante. A minha tristeza é a da sede e a da chama. Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio. O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono. Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente. Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim. Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. Não sou a destruição cega nem a esperança impossível. Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.  in Facilidade do Ar, Ed. Caminho, 1990

Todo o Homem precisa de uma mãe

https://youtu.be/yjxriFArvMk “O sol, manhã de flor e sal E areia no batom Farol, saudades no varal Vermelho, azul, marrom Eu sou cordão umbilical Pra mim nunca tá bom E o sol queimando o meu jornal Minha voz, minha luz, meu som Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe O céu, espuma de maçã Barriga, dois irmãos O meu cabelo negra lã Nariz, e rosto, e mãos O mel, a prata, o ouro e a rã Cabeça e coração E o céu se abre de manhã Me abrigo em colo, em chão Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe”

Enchemos Nada, e ficamos com tudo, de nada.

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E o balão esvazia quando no Lugar está o Nada, e em parte alguma está o Tudo.  Chegas, e há Nada. Olhas à tua volta, e lá está Tudo... e por mais que grites, o Nada da tua voz nunca alcançará parte alguma. Nunca mais haverá Tudo no teu Lugar, é.  Ou então teremos de reinventar um novo Lugar, redimensionar o tamanho do Tudo e do Nada, e voltar a descobrir em que parte se enche o balão. Esvaziamos Tudo, ficamos com Nada. Enchemos Nada, e ficamos com tudo, de nada. E nunca mais seremos Nada porque, afinal, sempre tivemos tudo. (El vacio: ANNA LLENAS)

Hemisfério Absurdo

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Há dias em que o cansaço e o desnorte é tanto que o cérebro vira para o lado do Hemisfério Absurdo, aquele entre um e outro.  De "ab-surdo" que fica, deixa de ouvir a direita e a esquerda, e passa somente a pensar na desordem do "ab". Nessas alturas, ao cérebro apetece-lhe elevar a voz do seu corpo e enviar Short Messages Service a várias pessoas, com muita desordem alfabética; por vezes, apetece-lhe enviar choques elétricos provocando movimentos giratórios sobre si mesmo - aclamados de "dança em parafuso"; outras ocasiões apetece-lhe ficar somente surdo em todos as letrinhas do alfabeto e deixar de ouvir "Apanha, Belisca, Come, Desenvolve, Escreve, Fica, Grita, Hoje, Imita, Junta, Kiss, Limpa, Manda, Não, Obecede, Procura, Quando, Reflecte, Sente, Trabalha, Usa , Vai, WTF, Xinga, Yes, Zarpa", que é como quem diz ficar "abcdefghijklmnopqrstuvwxyzsurdo" Há dias em que este cansaço inclina o corpo para um lado e o espírito para o out

How to save a life

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Venho do teu colo e não sei para onde vou Venho dos teus olhos  e não sei do horizonte Venho das tuas mãos e não sei onde me agarrar Um dia, quando a saudade não for maior que tu, sei que do teu colo farei o meu lugar dos teus olhos o meu Farol das tuas mãos a coragem das tuas palavras a força para te elevar, Tiçanita. Três anos sem esta “Bacorinha Desalmada” e com uma saudade mais que enorme. Um Ser gigante, Maria da Conceição Costa How to Save a Life

Hay Dias...

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Hay Dias... O dia dois de abril era para mim a referência de um dia agridoce. O dia em que se comemora o nascimento de um homem dedicado às histórias e, consequentemente, um dia dedicado a um dos suportes das Histórias, o Livro Infantil. Hans Christian Andersen foi um rapaz que se tornou poeta e escritor de histórias, sobretudo do mundo encantado de fadas. Uma infância marcada pela pobreza financeira, mas pela riqueza de um pai que, não sabendo o código escrito, inventava muitas histórias e contava-as ao filho.  O dia dois de abril foi o dia do início desta história, agridoce.  O dia dois de abril, tinha esta referência agridoce mas desde o ano passado, ficou marcado por uma história amarga e nada doce. Uma história triste, como as que Andersen escreveu. Uma história de vida agridoce mas rica de sonhos, sabedoria, entrega ao outro, confiança, optimismo.  Desde 2015 contei vezes sem conta, a história " A Morte Madrinha ", até que no dia 2 de abril de 2017, o telefone to

Marina Colassanti e Affonso Romano de Santana

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Tão poderosa esta imagem, tão cheia de uma coisa que não tem nome. Acho que nem a palavra "Amor" chega, ou qualquer outra da família. Não chega. Marina e Affonso.  Marina Colassanti, escritora, narradora, a fada dos contos, da poesia e paixão, e  o grande poeta Affonso Romano de Santana que  completa 82 anos! Um casal com mais de 40 anos de história juntos! E que foto esta, que ousadia de amor. Que verdade nestes  dois. Vê-los juntos, em Beja, nas Palavras Andarilhas, para além de um privilégio é testemunhar que é possível existirem amores de verdade, para além da vida e da morte, para além da saúde e da doença, para além do que é imaginável...   Ai Marina, mulher grande... ai Affonso esse homem delicado e tão forte! Quando for crescida quero ter AMar(ina), assim, dentro de mim!  "Para terminar, contam ambos em poucas palavras (e em família) a sua história de amor. Conheceram-se na redacção do Jornal do Brasil, inicialmente “sem grandes aproximamentos”. Mas,