Promisso, com ou sem?!
De há uns tempos para cá penso muito na palavra "compromisso". Ela anda a pairar na minha vida e a fazer sentir-se no meu estômago. A dita cuja implica pelo menos duas partes ou, como se tem passado a nível pessoal, várias partes de mim para comigo. A tal palavra significa missão, promessa mútua, obrigação com alguém ou alguma coisa e, no final, quer dizer que eu me responsabilizei em alguma afirmação que fiz, com os outros ou comigo. Até aqui tudo esclarecido. O que se passa então com a palavra "compromisso"? Passa-se que muitas vezes ela deixa de ser "com" e mascara-se de "sem", ou seja, "sempromisso". Ou seja, o "compromisso" que deixa de o ser passa a ser um "sempromisso". Mas que limite, barreiras e fronteiras tem o "compromisso"? Quando deixa de ser "com" e passa facilmente a "sem"? Quanto é que eu me entrego ao "com" e ao "sem"? Quando o "com" bate na barreira de liberdade do outro como se chama? Quando o "com" deixa de ser confortável como desfazê-lo sem magoar o "com" do outro? Quantas vezes cobramos a alguém a quebra do "compromisso"? E deve ser cobrado? Ficamos confortáveis num lugar fixo com um "compromisso"? Conseguimos facilmente manter o nosso "compromisso" ou esbarramos sempre no "sempromisso"? Afinal um "compromisso"é só uma promessa mútua, uma promessa - algo que expressa uma intenção futura. E como a estas questões se juntam muitas outras, resolvi perguntar ao "compromisso" o que queria ele da vida, e este respondeu-me que, nos tempos que correm, desejava muito manter-se "com", mas muitas vezes o trocam por "sem". Disse-me também que só era "com" porque gostava de estar acompanhado e que, com a sua primeira letra, o "c", as duas partes implicadas poderiam criar um círculo perfeito. A partir desse dia, deixei de olhar para ele com ansiedade. Percebi que afinal não é ele, mas sim cada um de nós que tem o seu tipo de "Promisso", uns "com" e outros "sem".
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