Métodos de leitura: pa-pe-pi-po-pu ou Amor?!
Não sou moralista em relação aos métodos de ensino da escrita e da leitura. Quer dizer, já fui mais! Agora colecciono uns anos de ensino no 1º ciclo, uns anos de pais e de grupos. Eu própria já aprendi a escrever e a ler e agora, tenho um Guerreiro de Voz Branca no 1º ano, e neste momento já lê tudo e escreve. O método foi o global, mas sobretudo teve base no Amor. Amor e Respeito pela/da professora. E antes disso teve o método da audição de histórias, de passear na rua, de visita a exposições, de ver as pessoas que ama a ler...
Eu aprendi a escrever e a ler. Vocês também. Muito possivelmente, a maioria de nós aprendemos com o vulgar "pa-pe-pi-po-pu" (analítico-sintético) e não morremos com isso. Não morremos mas estivemos perto do abismo, garanto-vos! Neste momento sabemos que é o método mais anti-natural que existe para uma criança aprender a ler e a escrever. Em nada acompanha as pessoas que vivem neste século e que estão agora a começar a juntar as "letrinhas". Não dá resposta à curiosidade, não acompanha o que se passa no mundo e daí ser, para mim, quase um crime continuarmos com ele. Existem tantas outras formas, mais divertidas, mais facilitadoras de ensinar. E sobretudo, com mais sentido. Como é que eu posso dizer a uma criança que agora, em Janeiro, ela só conhece a,e,i,o,u,p,t,l,m +ditongos (não sei se mais) se, quando ela passa na rua ela já lê tanta coisa?! Mas isto é tema para uma tese de mestrado! Por hoje fica o registo de uma turma, onde é utilizado este método de leitura, e de uma reunião de pais. Uma escola TEIP (Território Educativo de Intervenção Prioritária) onde a professora (1º ano) anuncia aos pais que ainda não sabem/perceberam a parte da Língua Portuguesa e da Matemática:
- "Todas as semanas nós aprendemos uma letra nova e um número. Vamos na letra D e no número 6"
(Pensamentos começaram a vaguear entre o Tico e o Teco! OIi?! Como?! Também tu Belzebu?! O quê?!?! Vão no 6?! Em Janeiro, crianças com 6 anos muuuiiitto vividos, vão no 6?! Só ouviram a professora falar/trabalhar até ao 6?!
O quê?! Uma letra por semana?! D?!)
- "Até vos mostro a ficha que fizemos hoje do D"
Os pais olham para uma ficha cheia de desenhos da letra D, manuscritos. Diz um pai, com aspecto e idade de avô:
- "Oh professora, não acha que este D é um demasiado desenhado?!"
(E dentro de mim uma luz se acende e os meus neurónios cantam Glórias!)
(E dentro de mim uma luz se acende e os meus neurónios cantam Glórias!)
- "Pois pai, é obrigatório saberem assim, é desta maneira que vem nos manuais!"
- "Mas está a perceber a minha pergunta? Não acha demasiado desenhado? Isto não é nada fácil fazer!"
- "Pois, mas é o que está nos manuais e até ao 4º ano eles podem ir treinando!"
- "Eu só falo nisso porque tenho dois filhos formados e toda a gente sabe que o tipo de letra não é importante. E era melhor escreverem mais, porque estão a aprender"
(e neste momento o sol brilhou à volta daquele pai, naquele contexto! Brilhante intervenção! Brilhante! E eu com a alma a sorrir)
- "Pois, eu percebo... mas é o que está nos manuais!"
De facto, entre escolher o método de leitura e o amor de um(a) professor(a) eu opto pela segunda. Mas custa-me tanto esta mania da justificação do manual, da segurança aos pais, da exigência do ministério...
Custa-me tanto que lhes cortem a curiosidade da leitura pelo mundo. Mas só desculpo, porque acredito que esta professora, tal como a minha, o façam com muito amor e respeito! E esse é o melhor método, sem dúvida!
Comentários
Enviar um comentário