Nunca tive fetiche por fardas...
Estiveram sempre presentes nas nossas vidas, ora no dentista, ora no senhor da frutaria, ora no hospital, ora nas escolas, ora nos laboratórios, ora nos senhores polícias ... refiro-me às batas e às fardas.
Como professora, e sobretudo lembrando-me das populações social e economicamente desfavorecidas, sempre pensei que a utilização de bata podia ser um meio de inclusão social. Mas não será mais inclusivo eles estarem com as vestes que trazem de sua casa, que são equivalentes em toda a escola? E quem não tem dinheiro para comprar uma ou um vizinho que empreste?
Como mãe, sempre me fez mais confusão do que qualquer outra coisa, a utilização da bata no Jardim de Infância. O único facto positivo é mesmo não manchar a roupa.
Nas duas situações encontro um denominador comum... faz-me confusão eles estarem todos vestidos de igual. Se cada um tem uma impressão digital diferente porque havemos de querer que estejam visualmente todos iguais?
Agora, enquanto mãe que tem o seu Guerreiro numa escola privada, encontrei uma das maiores incongruências:
1. A obrigatoriedade do uso de equipamento da escola nas aulas de ginástica. Eu também me lembro de, no 5º ano, pedirem aos meus pais umas sapatilhas brancas e uns calções brancas, mas não me lembro nunca de os ter utilizado. Para quê a utilização de calções e t-shirt, do colégio, nas aulas de ginástica que são dadas dentro das próprias instalações?! Para quê gastar dinheiro em dois ou três pares de calças, duas ou três camisolas e mais duas ou três t-shirt para a ginástica?! Não faz sentido.
Dá jeito (mas continuam a fazer pouco sentido) eles terem um equipamento igual para quando fazem saídas da escola, serem facilmente identificados, claro. Agora, nas aulas de ginástica?! É mais uma daquelas que as escolas fazem porque sim (e outras razões também), os pais pagam (cá está a razão principal) e ninguém questiona.
Organizar uma feira de trocas ou vendas de roupa utilizada pode ser uma alternativa. Sobretudo, para mim, seria um acto pedagógico e com sentido. Doação de material, troca de fardas, aquisição de roupa em segunda mão. Mas atenção, uma farda "usada" de uma criança, ao final de um ano lectivo, é uma farda que à partida está num estado muito crítico. E é preciso ter cuidado com o que compramos pois as nódoas vão ser muitas e o mal estar em relação a elas vai ser notório (pelo menos com o meu Guerreiro seria).
Mais, tenho a certeza que muitas famílias iriam achar um horror os seus filhos terem roupa usada por colegas, seria um acto de "pobreza comprovada".
Ou seja, na realidade o que mais me incomoda é o princípio do "sermos todos iguais, mãe". Iguais?! Acha mesmo que eu quero ser igual ao outro? Acha que eu sou igual ao outro? Acha mesmo que o meu filho ESPECIAL é normal? Não, não é! Ele é mesmo fora do comum, tal como os outros todos.
Andamos a lutar pela diferenciação pedagógica e impingem com roupa igual para todos, de modo a que a individualidade seja atenuada?!
Concluo que é mesmo só mais um negócio, sem nenhuma intenção pedagógica, e que o "sermos todos iguais" continua a ser utilizado como uma boa desculpa para encher os bolsos das direcções.
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