Congresso MEM, Lisboa 2015... eram só Mariazinhas!



No tempo "Crático" que temos vindo a atravessar onde as escolas, os professores e as famílias são colocadas na bitola da economia e não da educação, há um conjunto de pessoas Educadoras que se mantém firme e que continua a acreditar. 

Refiro-me à Associação do Movimento da Escola Moderna "uma associação que se assume como um movimento de cidadania democrática de professores, os quais decidiram fazer da sua profissão uma actividade de intervenção nas escolas" (Sérgio Niza). E é bem verdade. O MEM português este ano faz 50 anos e, por estes dias, realiza no Instituto de Educação o seu 37º Congresso. 

Ontem fui assistir ao teatro/momento lúdico preparado pelos responsáveis das regionais. E lá estava a Madeira, os Açores, Vila Real, Algarve, Évora, Setúbal, Lisboa, Porto, Tomar, Seixal/Almada... umas dezenas de pessoas que, após um ano duro de trabalho, ainda tem a coragem e a força de, não só preparar um congresso desta envergadura, como também de montar exposições, fazer comunicações e preparar com os colegas da sua regional um momento puramente lúdico para apresentar aos seus pares. 

Costumo dizer que, ser professor é uma tarefa difícil, mas ser professor do MEM é sobrepor o triplo a essa dificuldade. Uma dificuldade que, a meu ver, se centra no facto de termos vinte e muitos alunos, e onde todos são considerados mediadores de aprendizagens. Ser professor de manual é fácil, basta saber ler. Ser professor admitindo que temos à nossa frente vinte e muitos seres que são igualmente formadores é complexo. O exercício da atenção plena é uma das ferramentas mais utilizadas no processo educativo por parte de alguém que se identifica com este Movimento. 

Não são raras as vezes que oiço ataques completamente infundados ao MEM. "os miúdos é que mandam na sala de aula..."; "os miúdos trabalham no chão..."; "aquilo é uma anarquia...". E eu pergunto sempre se estão a falar do Movimento da Escola Moderna ou de algum outro movimento copy paste. Quem o diz, das duas uma, ou não viu um professor a trabalhar com o MEM, ou não sabe ainda o que é o MEM. 

Quem se assume como professor do MEM assume o compromisso de diariamente ter uma amante consigo. Aliás, ainda ontem se disse que, o que os homens não querem é ter uma esposa professora do MEM. O exercício constante de formação, de participação em encontros (semanais ou quinzenais), de congresso, de registos escritos, de constante avaliação fazem com que, diariamente, se leve trabalho para casa e que se devolvam respostas no dia seguinte. 

É fácil identificar um professor do MEM a esta altura do ano: anda algo arrastado, mas  com um ar feliz e de alma cheia, por ter estado um ano inteiro a trabalhar (contra a maré Crática) em prol da construção conjunta de saberes, entre alunos e professores. O MEM é uma comunidade de aprendizagem que vai fazendo caminho. Vai juntando gente com duvidas, anseios, e sobretudo com muita vontade de cuidar dos cidadãos que tem à sua frente. 

Ontem emocionei-me ao ver aquele colectivo de gente que continua a acreditar como se fosse a primeira vez.

(hoje (22julho a 4 agosto 2015) sai no JL/educação quatro testemunhos, de professores, de como tem sido a experiência dentro do MEM e uma grande entrevista ao Sérgio Niza. Vale a pena ler.)




Ontem vi muitas Mariazinhas (daquelas que o Fanha escreveu no seu "Diário inventado de um menino já crescido") na plateia. Para saberem quem elas são aqui fica o registo: 



  

Parabéns ao MEM pelo 50º aniversário!   



   

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