Ainda sobre o Manifesto Anti Trabalhos Para Casa... (a procissão ainda vai no adro)
Não estou sozinha... não sou uma "alien" nesta questão dos Trabalhos Para Casa. Calculava que não, mas entre as conversas de corredor e as conversas escritas vai uma grande diferença, sobretudo no compromisso a que a escrita obriga.
Em primeiro lugar quero agradecer as vossas partilhas e testemunhos! Foram muitos os telefonemas, comentários e desabafos, que, infelizmente, apenas engrandeceram o Manifesto. Não recebi nenhum testemunho de alguém que não sofresse com este tema, ou que tivesse um bom relato da professora dos seus educandos, e esse (que existem certamente) poderiam ajudar-nos a construir boas alternativas.
Em segundo lugar dizer-vos que, investiguei um pouco na net (quando o Manifesto agregou tantas vozes repentinamente) e este tema tem escala mundial, livros editados, estudo científicos, teorias a comprovarem que o excesso de trabalhos para casa são prejudiciais para as crianças.
Em terceiro lugar, uma amiga partilhou comigo o caso de um jornalista americano que sofre igualmente deste mal mas que colocou mãos à obra, experimentou e escreveu um artigo acerca disto... curioso é que o artigo foi publicado não no século ou ano passado, mas exactamente no mês passado: dia 18 de Setembro 2013. A experiência que fez é a expressão básica de qualquer pai/mãe que tem um filho a estudar. Nós ganhamos sentido de vida porque eles vivem, sofremos porque eles sofrem, então Karl Taro Greenfeld resolveu experimentar "na pele" a situação dos Trabalhos de Casa da filha (com treze anos de idade, a Esmee). O pai propôs-se fazer os seus Trabalhos de Casa durante uma semana. O resultado está explicado neste artigo "O trabalho de Casa da minha está a matar-me"
Vocês pensam "sim, mas isso é nos EUA, não é cá" e eu respondo: "Claro... ainda não! Mas o que quer este ministro de educação?! Números, rankings, ciências exactas, nada de expressões, nada de criatividade, etc. E a que parte do mundo vai ele buscar inspiração?!"
Eu deixo-vos aqui alguns pontos que li e achei curiosos. A leitura na integra fica como Trabalho Para Casa, em família. Mas aconselho-o vivamente!
1. According to a 2005 study by the Penn State professors Gerald K. LeTendre and David P. Baker, some of the countries that score higher than the U.S. on testing in the Trends in International Mathematics and Science Study—Japan and Denmark, for example—give less homework, while some of those scoring lower, including Thailand and Greece, assign more.
(nada de relação entre trabalho de casa e sucesso! Países com resultados positivos em estudos internacionais (em matemática e ciências), nomeadamente Dinamarca e Japão mandam pouco trabalhos para casa. Países com baixos resultados, Tailândia e Grécia, mandam mais.)
2. “It’s a response to this whole globalized, competitive process,” says Richard Walker, a co-author of the book Reforming Homework. “You get parents demanding their children get more homework because their children are competing against the whole world.”
(cá está o segredo... dar resposta à competição mundial! Temos pais a pedirem mais trabalhos para casa porque as suas crianças estão a competir com o mundo...o meu filho compete com o seu par, depois com a sua turma, depois com a escola, depois com o Concelho e distrito onde vive, depois com o país e bate tudo... só lhe falta depois o combate europeu e as finais no mundial... e quando lá chega é o quê? quem? como? o que queremos?)
3. Data from a 2007 National Center for Education Statistics survey showed American students between grades nine and 12 doing an average of 6.8 hours of homework a week—which sounds pretty reasonable compared with what my daughter is assigned—and 42 percent of students saying they have homework five or more days a week.
( estudantes norte-americanos fazem uma média de 6 a 8
horas de trabalhos e 42 por cento dos estudantes diz que têm trabalhos para casa cinco ou mais dias por semana. Os finlandeses fazem uma média 30 minutos por noite!!!)
4. "Estamos num ciclo pesado do trabalho para casa", diz Cooper. " O aumento da concorrência de escolas e colégios de elite tem originado pais que exigem mais trabalho de casa. "
(Atitudes em relação
ao balanço do trabalho de casa em ciclos de cerca de 30 anos, de acordo com
Harris Cooper , professor de educação na Universidade de Duke e autor do livro "The Battle Over Homework". Fomos de empilhar o trabalho de casa por causa de
medos numa lacuna científica provocada por Sputnik em 1950, para recuar na
geração Woodstock dos anos 70 sobre a preocuapçaõ na sobrecarga das crianças, para os medos dos anos 90 em os nossos alunos ficarem para trás do Leste Asiático. A
reação atual contra o trabalho de casa tem sido tão extensa que já originou livros como "The Case Against Homework" (2006) , por Sara Bennett e Nancy Kalish
, e em 2009 o documentário Race to Nowhere .
5. Back in California, when I raised the issue of too much homework on that e‑mail chain, about half the parents were pleased that someone had brought this up, and many had already spoken to the math teacher about it. Others were eager to approach school officials. But at least one parent didn’t agree, and forwarded the whole exchange to the teacher in question. As the person who instigated the conversation, I was called in to the vice principal’s office and accused of cyberbullying.
(acusado de cyberbullying?! Ai estes americanos, o que eles inventam , meu Deus!)
Conclusão da história:
"I decide to give up on algebra for the night. It’s only Friday,
and I have until Monday to finish my homework."
and I have until Monday to finish my homework."
Aqui fica a referência do documentário: Race to nowhere, de Vicki Abeles e Jessica Congdon, 2009. Eu vou tentar descobri-lo
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