Quintas
O Quintas continuava triste, sem se mexer do lugar, sem gritar ou bater em alguém. Apenas ficou a olhar para mim, só isso. Mão direita na respectiva bochecha e a esquerda a imitar. Quando assim acontece, ou está doente ou o seu mundo está prestes a desmoronar. Não gosto de o ver assim. Não suporto vê-lo assim. Imagino todos os cenários para tamanha tristeza mas tenho a certeza de não alcançar o certo. Não é possível levar a minha mente à desumanização de um filho. Chega o irmão. Cenário em duplicado. E as minhas entranhas só aguardam o toque de saída para voar para junto de quem amo. Toca. Arrumo tudo em segundos mas antes já eles tinham saído. Voo para o carro e vejo-os a irem buscar mais um da família. Volto para trás. Disfarço com uma pergunta tonta, abraço-os e dou-lhes uma esfrega na cabeça. O mais novo agarra-se à minha cintura e aperta. Nó cego na minha garganta que faz resistir uma torrente nos meus olhos. Voo para o amor. Chego e agradeço muito por ter um sorriso e um coração gigante à minha espera. Um coração despido de amor. Amor que desembaraça os nós na garganta. Amor sem rumo, que circula em todos os espaços de mim...
"Amor que desembaraça os nós na graganta". Muito bonito.
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