Ladies and gentleman's Marisa Monte, Lisbon 28.04.2013

É ela
também ela
sempre ela

Foi bonita a festa, pá! As fotos não são boas, para além da falta de qualidade, não emitem som! Um espectáculo com o novo e o antigo. Espectáculo cheio de obras de arte de artistas contemporâneos brasileiros. A Marisa continua a ser uma mulher esquelética, mas com uma voz que lhe preenche o que falta. Entrou e durante três músicas ali ficou, atrás de uma tela transparente onde foram projectadas inúmeras imagens de flores. Era a Marisa Carioca. Levantada a tela parecia que a selecção tinha marcado o golo da vitória. Fomos então apresentados a um espectáculo com cerca de duas horas. Uma mulher de vestido branco sobreposto por outro preto, collants branco, sapatos prateados dançando uma dança só p'ra nós. Entre uma música e outra conta as suas histórias. Entre um intervalo e outro mexe-se com a delicadeza de uma bailarina, ou com a força de um tufão. Alinhamento entre novas e velhas. Para mim, cada música, cada suspiro! Estiveram todas ali, a pouco mais de vinte metros de mim. Só faltou uma: Dança da solidão. E de cada vez que ela nos presenteava com mais uma, a minha irracionalidade pensava que não era justo Deus ter dado tanto dom a uma só pessoa. Poucas vezes pediu a interacção do público, mas as que pediu ficarão na memória. Fala de Cássia Eller, revela saudades da amiga e avalia a situação: "Sentir saudade é bom, significa que estamos sentido a presença de alguém". Fala de Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Nina. A casa quase cai quando toca "Depois"! O público presente: casados e apaixonados, sofridos e traídos, esperançados e apunhalados, felizes e enamorados conhecem as músicas e todos são tocados na pele por algumas. O público solta "Marisaaaa", "Gostoooosaaaa", "És lindaaaa!". Em "Amor i love you" pergunta ao público se alguém conhece o poema de Eça de Queirós, declamado por Arnaldo Antunes nesta música. Braços levantados e voluntário junto ao palco. Correu mal, o voluntário estava nervoso. Segundo voluntário aproxima-se do palco, quase dois metros de altura e diz, de fio a pavio, todo o poema acompanhado pela melodia de Marisa. No final, o António, de origem angolana, dedicou o poema ao seu amor... Foi bonito!
É incrível o que aquela mulher tem de fazer para nos encantar... abrir a boca e deixar saltar a voz poderosa, parece uma ventríloca.


Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you(bis)

Primo Basílio - Eça de Queiroz (1878)
(é recitado por Arnaldo Antunes na música, e pelo António no Coliseu dos Recreios em Lisboa)

" - Tinha suspirado
Tinha beijado o papel devotamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que
saía
delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho
lépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
E parecia-lhe que entrava enfim uma existência
superiormente interessante
Onde cada hora tinha o seu intuito diferente
Cada passo conduzia um êxtase
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações."

Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you

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