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De mansinho

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De mansinho A chegar o outono,  De pele morena,  Traz consigo o sonho Ser uma Força serena Sem pressa no andar, Asas a bater Voa para olhar E dar de beber De alma no postigo, Com olhar sereno, Receia ser castigo  Sentir aquele moreno  Sem pressa no viver De pés no caminho Segue no amanhecer À procura do carinho Quero ver Quero sentir  Dar e receber Deixar partir

Stay safe in love

  Stay safe in love  O amor  é contagioso “à brava” Infeção que percorre todos os órgãos,  nunca foi descoberta a cura. Sofrendo novas mutações, somos sempre infetados. Estirpes raras apoderam-se de nós e são essas que o nosso corpo mais preserva.  O amor é contagioso “à brava” mantém à distância a doença  Aproxima os “infetados” Afasta os carrancudos Mantém à distância a norma Aproxima a liberdade  Afasta ciúmes agudos Mantém à distância o escuro  Aproxima memórias de pele Afasta pensamentos pontiagudos Testei e estou positiva.

Voltar a Acreditar

 “Não”, “é mentira” “nunca na vida" “que horror” “é tudo mentira” … era o que mais dizia aliás, era o que ouvia e via. desacreditei das imagens  desacreditei das ações desacreditei.  passou muito, muito tempo  desde que a terra foi regada. não havia quem cuidasse, nem do que cuidar. ninguém ficava, nem ninguém passava só o tempo e, no tempo certo.  certo como sede e fome. tudo com tempo certo Como caminhar abrir e fechar ciclos mergulhei, afundei e ali me deixei ficar. permiti-me estar no silêncio do profundo na apneia das emoções emergi no tempo certo. fechei cinco anos e demasiadas vidas permiti-me  voltar a olhar para o calendário,  repensar as colheitas e voltar a acreditar na força da terra percebi que o Ser pode estar apaixonado por si e regressar ao expontâneo, intuitivo e brilhante Ser que já foi em criança, é acreditar é deixar-se cuidar é vibrar só de pensar é ver com as mãos e o coração  é tocar no céu é agradecer cada dia é con

A dança traz-me sempre certezas

A dança traz-me sempre certezas é como o primeiro beijo. Ou é ou não é... e, só depois do Tempo dançar muito, é que se pode mudar esta certeza. A primeira dança. Ou é ou não é... há ou não há.  É como a música. Ou é ou não é... há ou não há. A dança é um comboio cheio de certezas que pára só em determinados apeadeiros e estações e, naquelas onde pára, deixa mercadoria, marca. Já tive a certeza que estava viva enquanto dançava Já tive a certeza que era mulher enquanto dançava  já tive a certeza que estava apaixonada enquanto dançava já tive a certeza de que não estava apaixonada enquanto dançava já tive a certeza da música enquanto nela me mexia e tenho sempre a certeza pelo que o meu corpo me diz para fazer.  Entrega, não entrega, sorri, contrair Há ali uma fusão entre o corpo e a mente, entre o amor à nossa pele, entre o ritmo e a pegada, a entrega e a fusão Qualquer coisa que, atualmente, até me dá medo só de pensar e, por isso, me afasto, co ntinuando a da

Um abraço é um colo

Pedir um abraço e recebê-lo por inteiro é um bom colo. Ontem pedi um abraço e recebi-o... por metade, com uns leves toques de dedos nas minhas costas, a imitar o que os adultos fazem.  Já não o via há três anos. Ontem quando nos juntámos parecíamos dois colegas de trabalho a falar.  "Ya Professora, aqui está tudo bem, e então desde que o J. saiu melhor ainda! Lembra-se do que ele fazia nas aulas? Até a professora O. mordia as mãos para não morder nele...E o seu filho? Nunca mais o vi nos treinos? Eu já deixei aqui está fatela, só gritam" A conversa foi-se prolongando comigo a perguntar por este e aquele da turma, pelos irmãos que passaram por mim. Entretanto perguntei-lhe com quem estavam agora e apontaram para uma estudante minha, atual.  "Ouve S., conta-me tudo do que a Professora C. anda a fazer convosco", disse eu em jeito de brincadeira "Porquê? É professora dela? Olhe, nem imagina... fazes-me os cabelos todos brancos, Professora! Todos!"

impressão de poema

ANTÓNIO RAMOS ROSA Uma voz na pedra Não sei se respondo ou se pergunto. Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra. Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho. De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante. A minha tristeza é a da sede e a da chama. Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio. O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono. Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente. Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim. Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. Não sou a destruição cega nem a esperança impossível. Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.  in Facilidade do Ar, Ed. Caminho, 1990

Todo o Homem precisa de uma mãe

https://youtu.be/yjxriFArvMk “O sol, manhã de flor e sal E areia no batom Farol, saudades no varal Vermelho, azul, marrom Eu sou cordão umbilical Pra mim nunca tá bom E o sol queimando o meu jornal Minha voz, minha luz, meu som Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe O céu, espuma de maçã Barriga, dois irmãos O meu cabelo negra lã Nariz, e rosto, e mãos O mel, a prata, o ouro e a rã Cabeça e coração E o céu se abre de manhã Me abrigo em colo, em chão Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe”