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O amor é contagioso à brava

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O registo da nossa escrita dá-nos a mesma sensação de quando o artista vê a sua obra: "Como foi possível ter sido eu?", "Que iluminação ou desgraça estava eu a sentir?"... e assim se pode refazer, repensar, redirecionar o que escrevemos e, sobretudo, o que sentimos.  Voltar ao mesmo lugar ou revistar e refazer esse lugar?  Corremos, lutamos, choramos para sair dos lugares, para depois queremos conquistar Lugar. E é neste vai e vem que a Vida vai deixando traços na pele e Nós  não conseguimos voltar ao mesmo Lugar.  Estou muito apaixonada e nunca tinha sentido este Lugar. Voltei ao "O Amor é contagioso à brava", mas para o Uno Amor, porque o contágio mantém-se, a manifestação é que é tão diferente. Um corpo, uma mente, uma copa e uma raiz encontraram Lugar. Por partes, voltei ao Lugar de estar apaixonada, mas nunca estive neste Lugar de apaixonada. E que maravilhoso é.  Feliz por mim, pelo caminho que fiz para aqui chegar e sentir diariamente gratidão por c...

De mansinho

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De mansinho A chegar o outono,  De pele morena,  Traz consigo o sonho Ser uma Força serena Sem pressa no andar, Asas a bater Voa para olhar E dar de beber De alma no postigo, Com olhar sereno, Receia ser castigo  Sentir aquele moreno  Sem pressa no viver De pés no caminho Segue no amanhecer À procura do carinho Quero ver Quero sentir  Dar e receber Deixar partir

A dança traz-me sempre certezas

A dança traz-me sempre certezas é como o primeiro beijo. Ou é ou não é... e, só depois do Tempo dançar muito, é que se pode mudar esta certeza. A primeira dança. Ou é ou não é... há ou não há.  É como a música. Ou é ou não é... há ou não há. A dança é um comboio cheio de certezas que pára só em determinados apeadeiros e estações e, naquelas onde pára, deixa mercadoria, marca. Já tive a certeza que estava viva enquanto dançava Já tive a certeza que era mulher enquanto dançava  já tive a certeza que estava apaixonada enquanto dançava já tive a certeza de que não estava apaixonada enquanto dançava já tive a certeza da música enquanto nela me mexia e tenho sempre a certeza pelo que o meu corpo me diz para fazer.  Entrega, não entrega, sorri, contrair Há ali uma fusão entre o corpo e a mente, entre o amor à nossa pele, entre o ritmo e a pegada, a entrega e a fusão Qualquer coisa que, atualmente, até me dá medo só de pensar e, por ...

Um abraço é um colo

Pedir um abraço e recebê-lo por inteiro é um bom colo. Ontem pedi um abraço e recebi-o... por metade, com uns leves toques de dedos nas minhas costas, a imitar o que os adultos fazem.  Já não o via há três anos. Ontem quando nos juntámos parecíamos dois colegas de trabalho a falar.  "Ya Professora, aqui está tudo bem, e então desde que o J. saiu melhor ainda! Lembra-se do que ele fazia nas aulas? Até a professora O. mordia as mãos para não morder nele...E o seu filho? Nunca mais o vi nos treinos? Eu já deixei aqui está fatela, só gritam" A conversa foi-se prolongando comigo a perguntar por este e aquele da turma, pelos irmãos que passaram por mim. Entretanto perguntei-lhe com quem estavam agora e apontaram para uma estudante minha, atual.  "Ouve S., conta-me tudo do que a Professora C. anda a fazer convosco", disse eu em jeito de brincadeira "Porquê? É professora dela? Olhe, nem imagina... fazes-me os cabelos todos brancos, Professora! Tod...

impressão de poema

ANTÓNIO RAMOS ROSA Uma voz na pedra Não sei se respondo ou se pergunto. Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra. Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho. De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante. A minha tristeza é a da sede e a da chama. Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio. O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono. Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente. Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim. Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. Não sou a destruição cega nem a esperança impossível. Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.  in Facilidade do Ar, Ed. Caminho, 1990

Todo o Homem precisa de uma mãe

https://youtu.be/yjxriFArvMk “O sol, manhã de flor e sal E areia no batom Farol, saudades no varal Vermelho, azul, marrom Eu sou cordão umbilical Pra mim nunca tá bom E o sol queimando o meu jornal Minha voz, minha luz, meu som Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe O céu, espuma de maçã Barriga, dois irmãos O meu cabelo negra lã Nariz, e rosto, e mãos O mel, a prata, o ouro e a rã Cabeça e coração E o céu se abre de manhã Me abrigo em colo, em chão Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe”

Enchemos Nada, e ficamos com tudo, de nada.

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E o balão esvazia quando no Lugar está o Nada, e em parte alguma está o Tudo.  Chegas, e há Nada. Olhas à tua volta, e lá está Tudo... e por mais que grites, o Nada da tua voz nunca alcançará parte alguma. Nunca mais haverá Tudo no teu Lugar, é.  Ou então teremos de reinventar um novo Lugar, redimensionar o tamanho do Tudo e do Nada, e voltar a descobrir em que parte se enche o balão. Esvaziamos Tudo, ficamos com Nada. Enchemos Nada, e ficamos com tudo, de nada. E nunca mais seremos Nada porque, afinal, sempre tivemos tudo. (El vacio: ANNA LLENAS)