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...fechou-se a cortina

Após 44 anos em cena, hoje, fechou-se a cortina. O pano agora tapa o seu corpo, a sua vida. Não voltaremos a ouvir a sua voz. Não voltaremos a sentir o seu toque. Não conseguiremos voltar a rir juntos. Não seremos capazes de construir mais nada. Nas suas mãos leva o terço, sinal da nossa esperança.  Ficaremos do lado de cá, à espera de mais um vinda ao palco, até ao dia em que a nossa memória nos comece a atraiçoar.  Quando o pano se fecha, ficamos imóveis a viver uma realidade que não é a nossa, é a do seu ator e autor. Em menos de um mês perdeu a vida que lhe corria nas veias para um assombroso e oportunista linfoma. Um merdas que se apoderou e se tornou maior que ela. Deixaste de estar no palco.  A cortina fechou-se. Os que assistiram à tua peça durante 44 anos estão a sair agora. Não sabem para onde ir. Perderam o Norte. Apenas olham para o céu e elevam as palmas e as flores em tua honra. Apenas o silêncio, a dor, a vontade de acordar...

Voltar onde já fomos felizes

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Ensinam-nos a não voltar a um lugar onde fomos felizes. Assim fazemos, assim nos protegemos. Voltar a um lugar que nos acolheu a felicidade só deve acontecer se a mesma permanecer em nós. Devia ser isso que nos queriam ensinar, em vez de somente não voltarmos onde fomos felizes. Voltar a um qualquer espaço onde fomos felizes é uma viagem plena de consciência.  Voltar a um lugar de vida, de escrita, de brincadeira, de férias, de trabalho, de sentimentos... é sempre uma viagem como bilhete de ida e volta. Uma vaigem sem escalas e de permanência curta, nada permanente. Já foi muito feliz neste espaço de escrita, o Beijo Sabura. Depois, invasões após invasões, ataques após ataques, fui-lhe fechando a porta. Foi deixando de estar acessível as escritas que aqui eram tornadas públicas. A porta fechou-se para que ninguém pudesse "invadi-lo". Passou o tempo, e apesar de não ter cuidado deste espaço, o meu jardim, as ervas daninhas foram crescendo de forma a ...

A idade da tua morte atinge hoje a sua maioridade, dezoito anos.

A idade da tua morte atinge hoje a sua maioridade, dezoito anos. A idade da morte tem o mesmo tempo que a idade da saudade. Faz hoje anos que são Maiores. Cresceram ambas juntas. Ambas com um nascimento difícil, muito difícil. Tão difícil que quase deram cabo da vida por completo. Não morremos com a tua morte, foram morrendo bocados de nós, da nossa memória, do nosso friso, do nosso tempo.  Houve um Tempo que também morreu com a tua morte. Houve um Tempo que foi morto pelo peso de tantas dores e que, a cada 26 de setembro, volta a renascer quando me lembro das dores e das marcas deixadas por esse peso. A idade da tua morte e da saudade são hoje Maiores, a cada ano que passa tornam-se maiores e vão-se alicerçando numa certeza... o tempo da tua morte cresceu e o tempo de nos encontrarmos diminui. Até já, Miguel

Construir memória

Conta as histórias e revela os teus segredos aos teus para que elas nunca se percam.   Olha a luz das estrelas e faz que a mesma faça brilhar ainda mais o teu rosto.  Sente o vento e deixa que ele acaricie a memória que a tua pele guarda. Sonha, escuta, sente e constrói memórias.

Dona Menisca Interna

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A história é a seguinte: "Dona Menisca Interna" referiu dor ás "Interlinhas internas" aquando da rotação com o pé porque, para espanto de todos, seu marido "Dom Menisco" foi comprimido, entre o mar e a terra, ou seja, entre o fémur e a tíbia. Um acto irrepreensível que levou à paragem do reino para um período de reflexão sobre futuros cenários, planos e estratégias a adoptar.  Como auxílio, "Dona Menisca Interna" contratou para o seu gabinete uma guarda-costas, a "Sra. Pata de  Ganso". As duas passeavam-se sem dar conta uma da outra, como é da função de alguém que guarda as costas ao outro... até "Sra. Pata de Ganso" meter a pata na poça e "Dona Menisca Interna" amarrá-la a correntes. Ora, a "Sra. Pata do Ganso" não gostou daquela atitude e a partir de então não fez outra coisa se não grasnar. Dia e noite não fecha o bico. "Dom Menisco" prontamente correu em salvação da "Sra.Pata do G...

É a guerra que sustenta a paz

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Mandela  É difícil perceber, mais difícil ainda a actualidade do tema. O Homem, um suposto Ser que há muito diz viver na paz mas permanente com a certeza da vitória na guerra. Afinal é a guerra que sustenta a paz. A garantia de uma, permite a criação da outra. Antigamente pela conquista de terra, hoje pelos povos que fogem dela. Antigamente pela cor de pele, hoje em dia, igual. A Natureza transforma-se, o Homem quieto ali fica, dando voltas e parando no mesmo lugar. Madiba Ubuntu i am because we are

Inshallah, Sting

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Quantos Inshallah serão necessários? Tantos quantos o tamanho da nossa esperança. O tamanho da vontade e do acreditar que é proporcional ao da esperança.  Move-nos? É suficiente?  Tantos Inshallah temos... refugiados, paz, amor, compaixão, aceitação, vida, saúde, força, sonho. Não será suficiente gritar Inshallah até porque esse grito muitas vezes se perde entre vozes mais altas, desesperadas. Há dias em que gritas, gritas, gritas com esperança que te oiçam, que te acompanhem, te aconcheguem. Gritas, muito, até perceberes que só tu podes fazer por acontecer. Só tu sabes a medida da tua vontade, do teu acreditar, da tua esperança. Sleeping child, on my shoulder Those around us, curse the sea Anxious mother turning fearful Who can blame her, blaming me? Inshallah, Inshallah If it be your will, it shall come to pass Inshallah, Inshallah If it be your will As the wind blows, growing colder Against the sad boats, as we flee Anxious eyes, search...