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A dança traz-me sempre certezas

A dança traz-me sempre certezas é como o primeiro beijo. Ou é ou não é... e, só depois do Tempo dançar muito, é que se pode mudar esta certeza. A primeira dança. Ou é ou não é... há ou não há.  É como a música. Ou é ou não é... há ou não há. A dança é um comboio cheio de certezas que pára só em determinados apeadeiros e estações e, naquelas onde pára, deixa mercadoria, marca. Já tive a certeza que estava viva enquanto dançava Já tive a certeza que era mulher enquanto dançava  já tive a certeza que estava apaixonada enquanto dançava já tive a certeza de que não estava apaixonada enquanto dançava já tive a certeza da música enquanto nela me mexia e tenho sempre a certeza pelo que o meu corpo me diz para fazer.  Entrega, não entrega, sorri, contrair Há ali uma fusão entre o corpo e a mente, entre o amor à nossa pele, entre o ritmo e a pegada, a entrega e a fusão Qualquer coisa que, atualmente, até me dá medo só de pensar e, por ...

Um abraço é um colo

Pedir um abraço e recebê-lo por inteiro é um bom colo. Ontem pedi um abraço e recebi-o... por metade, com uns leves toques de dedos nas minhas costas, a imitar o que os adultos fazem.  Já não o via há três anos. Ontem quando nos juntámos parecíamos dois colegas de trabalho a falar.  "Ya Professora, aqui está tudo bem, e então desde que o J. saiu melhor ainda! Lembra-se do que ele fazia nas aulas? Até a professora O. mordia as mãos para não morder nele...E o seu filho? Nunca mais o vi nos treinos? Eu já deixei aqui está fatela, só gritam" A conversa foi-se prolongando comigo a perguntar por este e aquele da turma, pelos irmãos que passaram por mim. Entretanto perguntei-lhe com quem estavam agora e apontaram para uma estudante minha, atual.  "Ouve S., conta-me tudo do que a Professora C. anda a fazer convosco", disse eu em jeito de brincadeira "Porquê? É professora dela? Olhe, nem imagina... fazes-me os cabelos todos brancos, Professora! Tod...

impressão de poema

ANTÓNIO RAMOS ROSA Uma voz na pedra Não sei se respondo ou se pergunto. Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra. Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho. De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante. A minha tristeza é a da sede e a da chama. Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio. O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono. Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente. Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim. Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. Não sou a destruição cega nem a esperança impossível. Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.  in Facilidade do Ar, Ed. Caminho, 1990

Todo o Homem precisa de uma mãe

https://youtu.be/yjxriFArvMk “O sol, manhã de flor e sal E areia no batom Farol, saudades no varal Vermelho, azul, marrom Eu sou cordão umbilical Pra mim nunca tá bom E o sol queimando o meu jornal Minha voz, minha luz, meu som Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe O céu, espuma de maçã Barriga, dois irmãos O meu cabelo negra lã Nariz, e rosto, e mãos O mel, a prata, o ouro e a rã Cabeça e coração E o céu se abre de manhã Me abrigo em colo, em chão Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe Todo homem precisa de uma mãe”

Enchemos Nada, e ficamos com tudo, de nada.

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E o balão esvazia quando no Lugar está o Nada, e em parte alguma está o Tudo.  Chegas, e há Nada. Olhas à tua volta, e lá está Tudo... e por mais que grites, o Nada da tua voz nunca alcançará parte alguma. Nunca mais haverá Tudo no teu Lugar, é.  Ou então teremos de reinventar um novo Lugar, redimensionar o tamanho do Tudo e do Nada, e voltar a descobrir em que parte se enche o balão. Esvaziamos Tudo, ficamos com Nada. Enchemos Nada, e ficamos com tudo, de nada. E nunca mais seremos Nada porque, afinal, sempre tivemos tudo. (El vacio: ANNA LLENAS)

Hemisfério Absurdo

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Há dias em que o cansaço e o desnorte é tanto que o cérebro vira para o lado do Hemisfério Absurdo, aquele entre um e outro.  De "ab-surdo" que fica, deixa de ouvir a direita e a esquerda, e passa somente a pensar na desordem do "ab". Nessas alturas, ao cérebro apetece-lhe elevar a voz do seu corpo e enviar Short Messages Service a várias pessoas, com muita desordem alfabética; por vezes, apetece-lhe enviar choques elétricos provocando movimentos giratórios sobre si mesmo - aclamados de "dança em parafuso"; outras ocasiões apetece-lhe ficar somente surdo em todos as letrinhas do alfabeto e deixar de ouvir "Apanha, Belisca, Come, Desenvolve, Escreve, Fica, Grita, Hoje, Imita, Junta, Kiss, Limpa, Manda, Não, Obecede, Procura, Quando, Reflecte, Sente, Trabalha, Usa , Vai, WTF, Xinga, Yes, Zarpa", que é como quem diz ficar "abcdefghijklmnopqrstuvwxyzsurdo" Há dias em que este cansaço inclina o corpo para um lado e o espírito para o out...

How to save a life

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Venho do teu colo e não sei para onde vou Venho dos teus olhos  e não sei do horizonte Venho das tuas mãos e não sei onde me agarrar Um dia, quando a saudade não for maior que tu, sei que do teu colo farei o meu lugar dos teus olhos o meu Farol das tuas mãos a coragem das tuas palavras a força para te elevar, Tiçanita. Três anos sem esta “Bacorinha Desalmada” e com uma saudade mais que enorme. Um Ser gigante, Maria da Conceição Costa How to Save a Life