Roubei-te um beijo...
As memórias constroem-se, constroem-nos As saudades constroem-se, desconstroem-nos Limpam-se com o tempo. Demoram tempo. Vagueiam por entre ventos quentes, por cima de nuvens, raspam-se entre as rochas, colam-se ao rótulo de uma garrafa, a infinitos grãos de areia fina Escondem-se num frasco de perfume, estendem-se na folha de um caderno embrulham-se num cachecol esgueiram-se por entre frascos de especiarias enchem o peito num por de sol enrolam-se num abraço grande e apertado e não abalam teimam em ficar a aparecer quando menos se espera. Deixam de ser convidadas mas mesmo assim conseguem ser ouvidas. Passam a ser um "número não identificado" que ignoramos mas que, mais cedo ou mais tarde, acabamos sempre por atender...