a.C - d.C. Hoje é dia da LUTA contra o cancro
A Dra. da Graça ilustra este texto porque é para mim um exemplo vivo de alegria em muitas destas lutas! |
Hoje é o Dia Mundial de LUTA contra o Cancro
25 mil mortes por ano
70 por dia
três por hora
Ninguém está a salvo e toda a gente, por alguns instantes, já
alguma vez somou as angustiantes palavras: "como sei que não tenho nada?"
ou "e se for comigo?".
A primeira é a mais fácil de resolver... check up's,
revisões, exames com frequência e acreditar, todos os dias, que no nosso
destino não está escrita a palavra "Cancro".
A segunda, para quem nunca passou por ela, ou não acompanhou
ninguém com este inimigo, é como a diferença entre o dia e a noite. Há um antes
e um depois. Um a.C. e um d.C – antes do Cancro e depois do Cancro.
Felizmente até agora e acreditando que no meu destino não
está nada de ruim, nunca passei por este pesadelo. Já acompanhei vários casos,
felizmente quase todos bem sucedidos.
Uma coisa sei... quem conheço que passou por este pesadelo e
foi bem sucedido, tem por norma uma força invejável, fora do comum. Todos dizem
que a força de viver é a melhor arma. Muito perto tive o caso da minha mãe com um final feliz. Na altura (há cerca de 22 anos atrás) ninguém percebia muito bem o que era isso de
"tumor" ou "cancro". Sabíamos que era maligno, grave e
que se podia morrer. Nessa altura, o que não batia certo era a atitude da minha
mãe e aquelas novidades más... Lembro-me de ir visitá-la ao Hospital Sta Cruz (na
altura dizia que aquilo era uma espécie de hotel), de haver grandes silêncios,
muitos choros e muitas conversas paralelas que as crianças fingem não
perceber. Eu e o meu irmão sabíamos que a coisa era grave, mas sempre nos
mantivemos tranquilos devido à atitude da minha mãe. Chegámos a achar piada
estar à guarda gastronómica do meu pai (ou melhor, das tentativas), as tias a mudarem-se lá para casa durante uns tempos, etc. Basicamente, o novo eram as rotinas. Lembro-me do dia em que ela chegou a casa e, passados
três dias, estava a semear uns tomates num canteiro. Estava, e esteve sempre, tudo bem porque aquela mulher desde o primeiro instante nos dizia: “Eu acredito
na ciência e na minha fé. Tenho a certeza que o Doutor Torrinha vai fazer tudo
para me tratar. Sei que ele tem uma boa equipa e é a eles que me entrego”. O médico (cirurgião geral era e é amigo desde sempre e por essa razão não "cortou" a sua amiga, preferiu pedi-lo à sua equipa). Foi
e é assim... carne dura, espírito de luta, bicho que não se fica pela tristeza mole. Mulher que
resiste a um cancro maligno, à morte de dois filhos e que encara sempre a vida
com um optimismo e uma força incríveis. Lembro-me de, passados seis
meses, receber uma chamada, de um amigo do meu pai, dando os sentimentos pela
morte da minha mãe. Na altura fiquei tão irritada com ele, como com o meu pai
(o que um tem de força positiva, tem o outro de negativa). Lembro-me de
dizer ao telefone: “A minha mãe recebe os seus sentimentos se forem bons. Ela
não morreu. Quem lhe dera estar tão bem como ela!”
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