Hoje esperei dez horas

A propósito de uma música assobiada no fim-de-semana... hoje era o dia de voltar para o aconchego. 

Acordar esperando as 18h não é o melhor para quem tem o coração fraco e as emoções à flor da pele. Mas hoje era só isso que eu queria. Depois de abrir a meia haste os dois olhos, espreitei lá para fora e a alegria do sol não estava. Tinham os dois saído e não tinham voltado. Ela e ele. Sem grande esforço cumpri todas as tarefas matinais e saí para o trabalho. Atravessei o vendaval e dirigi-me ao meu pica-patrão. Não consegui dizer-lhe bom dia... hoje, nem ele estava lá. Já depois do almoço apercebi-me que tinha faltado a um compromisso, podia jurar que era amanhã, mas afinal... eu não estava lá. Seguindo boleia do vento apareci no local. Estava eu, e pela primeira vez no dia, estava inteira. Eu estava e lá fiquei por 50 minutos. Voltei a sair e voltei a deixar de estar. Continuava à espera das 18h que teimavam não chegar. Com a ansiedade de quem espera, decido aventurar-me na chuva sem protecção. Há anos que não o fazia. Trouxe-me à memória uma sensação de liberdade e descompromisso. Caminhei apenas alguns metros no espaço, mas uma imensidão no tempo. E como o tempo nunca pára, as 18h finalmente aproximavam-se de mim. E quando eu cheguei perto dele, já sabíamos o que precisávamos... ouvimos a saudade, sentimos a alegria e o calor do sol e regressámos ao aconchego do ninho. Esperei  dez horas pelas 18h. Hoje esperei para estar lá. Esqueci-me de estar durante 10h só para estar lá e receber Aquele Abraço de quem ama incondicionalmente.

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